Preservação do meio ambiênte e aquecimento global passaram a ser o assunto em pauta, o modismo da hora, mas também tornaram-se uma nova fonte de negócios derivativos, da nova indústria da proteção ambiental.
Países desenvolvidos, porém sub-desenvolvidos em questões de meio ambiênte e soberania nacional, arrogan-se poderes de discutir os rumos da nossa biodiversidade, da preservação de nossas florestas, dos limites territoriais de nossos mares, enquanto par e passo suas empresas transnacionais e seus pesquisadores subvertem as leis locais para decifrar nossa diversidade biológica, fauna, flora, em busca de novos medicamentos, na mesma proporção que se degrada o meio ambiente com seus resíduos químicos, valendo-se de fragilidades e omissões nos diplomas legais e da fiscalização precária dos órgãos responsáveis no Brasil.
Propalar o caos, estudando-se apenas o diminuto lapso de tempo em que se tem dados, para afirmar que o aquecimento global é consequência direta da ação do homem ( industrial é claro) é no mínimo temerário. Estudos avançados de era passadas revelam muito mais do que se apresenta na mídia num grande evento de marketing.
Sabe-se que os fenômenos de aquecimento e glaciação seguem padrões em escala muito maior do tempo, não sabendo precisar em qual destes momentos exatamente estamos. A movimentação da crosta terrestre com intensidade e frequência maiores que observamos no presente, talvez reflitam um espectro de mudança muito mais profunda, sendo o aquecimento global apenas um de seus sintomas.
Em pouco mais de 200 anos de industrialização e degradação em grande escala o homem não seria capaz de suplantar a mãe natureza. A conscientização vem em boa hora. É obvio que o problema tem que sofrer uma linha de corte e reversão dos efeitos danosos já constatados e previstos para o futuro.
Mas a quem interessa continuar com alto grau de desenvolvimento e produção industrial se redimindo através da criação nacional dos créditos de carbono?Quem na verdade se beneficia neste grandioso circo de marketing montado ao redor de um problema tão crucial para a sobrevivência da humanidade?O problema central é o terceiro choque do petróleo, nossa principal matriz energética. O que está em jogo é o fim das reservas conhecidas de petroléo e as matrizes de energia que a substituirão.
Nosso país é privilegiado na geração de energias limpas, conta com a maior área agricultável do mundo, estamos privilegiadamente localizados no globo, recebendo o calor do sol e sua energia bem mais que outras partes do mundo. Um litoral imenso, ventos abundantes, minérios, minerais (inclusive novas jazidas de petróleo) e produção agrícola variada, agropecuária desenvolvida e provedor e celeiro do mundo em alimentos.
Como manter o mundo no atual nível de crescimento industrial e populacional sem equacionar estas questões tão relevantes? Qual vai ser o futuro da matriz energética, quando voltamos na retórica da energia nuclear, tão combatida por seus resíduos altamente tóxicos e radiotivos por período tão longo? Vão continuar a jogá-los nos mares internacionais? Quais os danos causados ao ambiente pela industrialização dos últimos 200 anos e como as transnacionais estão cuidando dos seus resíduos em países nos quais atuam? De onde provém toda a madeira usada em larga escala nas construções americanas e qual o papel dos países do hemisfério norte na degradação das florestas?
É justo que se cobre pela manutenção de nossas florestas, uma vez que representam o pulmão do mundo. É justo que não se deixe levar nossa diversidade biológica para ser explorada no exterior, como no caso das seringueiras da borracha, assim como é inconcebível a pesquisa com aproveitamento econômico sem licensa e sem o pagamento de royalties.
Temos desafios gigantescos na manutenção e preservação do meio ambiente em nosso país, de dimensões colossais, e se isso direta ou indiretamente beneficia a humanidade como um todo, por quê não recebermos o valor justo por isso?
Precisamos de uma linha divisória entre o colonialismo que explorou sem custo o nosso território até agora, e proporcionou que países colonialistas se tornassem as potências que são hoje, e a nossa soberania territorial e econômica enquanto potência que somos.
O Brasil ainda não sabe a força que tem, em função direta da precariedade da classe dirigente corrupta que herdamos desde o descobrimento, e que se perpetua governo após governo, num incessante discaso com nosso patrimônio público.
Precisamos de recursos humanos abundantes, com qualificação e especialização para formarmos quadros capazes de gerir a potência que somos. Enquanto interesses menores de pessoas menores continuarem a se sobrepor sobre o conceito de nação, não traremos os benefícios disto ao povo brasileiro.
Milhares de questões específicas estão afetas ao meio ambiente, que continua relegado a segundo escalão das prioridades de governo.
É hora de enchergarmos as oportunidades que o mundo apresenta e colocarmos as velas à favor dos ventos, ou perderemos mais uma vez a hora e a vez, como acontece com o crescimento global, do qual ficamos apenas com as migalhas.
Carlos Minc e Marina Silva vão ser os nomes da vez que poderão revolucionar o papel do meio ambiente nas questões de governo. Os dois emparedaram Lula, como nunca antes na história deste país.
Luis Stefano Grigolin